quarta-feira, 21 de março de 2012

A síntese do abandono e o renascimento pela adoção.

Um dos personagens da trilogia da banda Jishu foi uma unanimidade. Todos amaram, se apaixonaram, choraram, surtaram e se emocionaram com sua história. 
A cada capítulo lido, os leitores que mantêm contato comigo, seja através de foruns, blog, twitter, facebook ou orkut, me enviavam muitas mensagens com suas lágrimas e risos. Quem foi o personagem que despertou tanto a alma de todos?
Junior.
Imagem meramente ilustrativa.

Junior era um cachorro que tinha mestiça de labrador com vira-lata. Grande, de pelos cor de caramelo claro, e de um coração enorme, poucos meses após seu nascimento, quando percebido sua deficiência auditiva, foi abandonado numa rua por seu antigo tutor.

No livro Redenção, pág 375, 376 e 377 diz (trechos cortados da obra, integral só nos livros):

“Subitamente, abriu os olhos e reclamou baixo quando sentiu que as mãos calejadas do homem o levantaram, afastando-o da mãe. O uivo aflito dela, o cachorrinho jamais escutou, mas lembrar-se-ia para sempre do seu olhar... O olhar de despedida.
Logo foi colocado dentro da caminhonete do seu dono. O homem baixou-se para pegar um jornal a fim de forrar o chão do veículo e, naqueles míseros segundos, Junior viu, pela última vez, sua mãezinha.”
(...)
"Foi atirado num mundo cruel, sem saber realmente qual seu crime por tal punição. O antigo dono o levou até o centro da metrópole e o deixou lá. Junior não entendeu porque era abandonado naquela rua repleta de pessoas, e até tentou correr atrás da caminhonete que se afastava rapidamente, mas suas pequenas pernas não tinham nenhuma capacidade de seguir o ritmo de um veículo motorizado.
A primeira sensação que teve assim que ficou desabrigado foi de frio. Não mais tinha sua linda mãe para esquentar seu pequeno corpo. A segunda era a fome. O leite
tão abençoado que jorrava dos seios maternos, agora era apenas uma lembrança tenra. Entretanto, nada se comparava ao medo pela crueldade das pessoas que cruzavam por ele.
E essa crueldade foi a terceira sensação. Lembrava-se bem das vassouradas e dos xingamentos."
(...)
Junior não aguentou a dor e caiu no chão. Quando se cansaram, os garotos foram embora gargalhando. O animal ficou lá, estirado, a dor nas orelhas se somava a dor em todo seu corpo.
Quis morrer, mas na manhã seguinte ele acordou novamente. E assim se sucedeu, dia após dia.”


Logo após o martírio das ruas, que levaram anos (todo o relato você pode ler no livro), Junior acaba sendo atropelado. Uma das pessoas do carro era Ken Takeshi, que por pena acaba adotando-o. Ken, de inicio, não se sentia muito inclinado ao cão, até porque ele levou bastante tempo para perceber a deficiência do animal, mas Kazuo (o seu companheiro) se apegou logo de cara.
E foi assim que essas duas almas (Kazuo e Junior) criaram um enlace doce e lindo. Ambos não haviam sido amados durante a vida, abandonados a própria sorte... Portanto, o sentimento que trocaram foi mútuo e intenso. Tornaram-se amigos, cúmplices no seu estágio mais puro. Em Redenção, Junior foi o primeiro a perceber que Kazuo estava doente, e após a ida do seu tutor para o hospital o aguardou ansiosamente durante todo o tempo, sendo o mais leal possível.

Agora, qual foi o propósito de ter posto o cachorro no livro?
Muitos pensam que foi pra dar um ar “fofo” no enredo.
Engano.
Junior não era fofo, era forte. Não era brincalhão, era sério e leal. Junior foi um dos personagens mais importantes da minha carreira literária, simplesmente porque o foco dele foi dar prioridade à causa animal.
Abandono, dor, medo, maus-tratos. Tudo isso foi levado em conta durante a criação de tão significativo personagem.

Muitos choraram com sua história.
Mas, ela alcançou seu objetivo?
Ao criar Junior, quis mudar de forma leve a mentalidade das pessoas referente a duas coisas:
-comprar cães
-adotar animais adultos.

-Sou contra compra de animais. CÃO NÃO SE COMPRA! GATO NÃO SE COMPRA! Animais não devem ser tratados como mercadorias, porque eles foram criados para serem nossos amigos e companheiros, não nossas coisas.
Acredite em mim, se você quer um cão de tal raça, existem zilhoes de cães para adoção por aí, sem que você precise pagar algo.
Por exemplo, um Husky Siberiano ou um Pitbull(aliás, violentas são as pessoas. O ser humano adora transferir a responsabilidade de suas ações para terceiros. Porque não sacrificar o tutor do animal junto com ele? Tenho uma cadela mista com Pitt e ela nunca rosnou pra mim!), ou um Rottweiler legítimo...
Esses são apenas exemplos NUM ÚNICO BLOG de animais. Existem zilhoes na internet e facebook. Basta procurar.


-Muitos pensam que adotar um animal de rua adulto não dá certo. Sim, dá. O cão ou gato adulto pode não ter a fofura de um filhote, mas é tão companheiro e fiel quanto um criado por você. Minha gata, Mitsi, foi adotada adulta (na verdade ela era filha do meu gato, mas a dona da mãe dela a atirou na rua depois de um tempo, fui lá e busquei minha neta!). Claro, levou um certo tempo para ela se acostumar as regras de casa (nada de passeios, nada de comer passarinhos, ficar em casa, fazer xixi e cocô na areia...etc), mas hoje é a princesa mais bem educada do mundo!


Ao mesmo tempo em que incentivo à adoção, acredito que não são todas as pessoas que tem tal capacidade para se tornarem tutores de animais. Muita gente não sabe cuidar nem de si, o que fará com um cão ou gato? 
Ser tutor é um ato de amor, se você não é capaz de amar e ser responsável, por favor, não vá pegar um animal para fazê-lo sofrer.


No mais, se eu consegui fazer meus leitores entenderem isso, cumpri meu dever. E que venha Remissão!
Encerro meu texto com as palavras de Aiko Morita, no livro Rendição:
Pessoas que não gostam de animais, não são boas pessoas.
 

10 comentários:

GabrielaS disse...

Na verdade, eu nem pensava em um segundo propósito dos personagens na história a não ser compor o enredo. Realmente as pessoas pensam que animais de estimação têm data de validade: deixou de ser um filhote fofo, mordeu, quebrou alguma coisa, pode ser descartado. O que se tem que aprender é a escolher um cachorro com um perfil adequado às suas condições. Quer um grande cachorro? Ofereça espaço. Um cão que precisa de cuidados especializados constantes? Tenha dinheiro. Não tem condições? Não tenha um animalzinho em casa. Abrigos oferecem animais de todas as idades em ótimas condições de saúde e um cão ou gato adulto também é uma ótima companhia. O importante é a amizade entre o dono e o bichinho

Josiane veiga disse...

Gaby, perfeita colocação.

Denise disse...

Realmente concordo em que ao ter um animal é sem prazo de validade...é uma responsabilidade até ao final da vida dele....Só acho que ao dizer que ao termos um animal com cuidados especializados temos que ter condições financeiras é um pouco complicado,pois muitas vezes esses cuidados só aparecem com a idade avançada do animal....por isso que vemos muitos animais nessas condições jogados na rua.
Se a pessoa não possui condição, atualmente temos varias organizações que oferecem de graça alguns tratamentos, pelo menos na minha cidade, e que muitas vezes até fazem cirurgias.
Mesmo sem espaços enormes, atualmente temos 4 cachorros, e olha que já tivemos 6....e com exceção de uma, que foi ganho, todos os outros foram tirados da rua, com condições variadas....
Mas também deixar tudo nas mãos dos abrigos....nem eles conseguem ter tanto espaço e condições de sustentá-los....haja vista as campanhas de adoções que eles fazem constantemente....
Sou a favor de adoção e acredito que o que seja necessário é a concientização das pessoas de não se comprar....e sim adotá-los.

Josiane veiga disse...

De, como sempre, impecavel sua analise. Imagino o que será desse povo que se desfaz de tudo que é velho. Sera q qdo eles ficarem velhos, também serão descartaveis?

Unknown disse...

Josy!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Não tenho palavras para expressar a minha emoção ao ler esse pequeno texto e concordo com você as pessoas têm que ter responsabilidade com os animais e não trazê-lo para casa e depois ver que são assim e assado e jogarem na rua.

Meu amado Zé - um galo - já me deu muitas dores de cabeça, mas hoje já velhinho vejo o quanto ele foi importante, mas horas que precisei de um amigo para desabafar.

Adorei o texto!

Josiane veiga disse...

Suellen, ja tive um galo também (na verdade um casal, fritz e frida), mas tive que leva-los para um sitio de amigos pq eles nao tinham espaço pra siscar e os cachorros dos vizinhos os atacaram certa vez... ate hoje lembro deles com carinho... sei que estao bem cuidados.

Catalina Terrassa disse...

Eu já tive todo o tipo de bicho de estimação. Galinha, periquito, coelho, cachorro(onze). E nunca abandonei.
Há seis anos tive uma cachorra com câncer, a veterinária quis sacrificar, mas não deixei, sorte porque ela viveu mais seis meses. Claro que ela tinha dias que nem andava, mas outros ela estava animada, até brincava.

Nunca comprei um bicho, sempre peguei na rua ou ganhei.

Sempre que posso incentivo as pessoas a adotar cachorros ou gatos vira-latas.

Josiane veiga disse...

Cat, é o ideal... tantos animais na rua, devia ser crime comprar.

Universo de Kamy disse...

Eu sou meio suspeita para falar, pois sou loucamente apaixonada por essas coisas fofas e estou contigo, para que comprar? Gastar uma grana desnecessária, se você pode encontrar milhares soltos nas ruas pedindo só por um lugar para dormir e um pouco de carinho.

Sério, ainda não entendo essas pessoas. Mas tem só uma coisinha que eu discordo de você. Um Cachorro ou gato adulto, pode ser tão ou mais fofo que um filhote, falo isso pelos 7 cães e 6 ou 7 gatos que meu irmão tem, são todos adultos e as coisas mais fofas do mundo, sempre me derreto por eles.

Agora é torcer, para que o que você disse, entre na cabeça desse povo.

Bjokas e amei a postagem ^^

Josiane veiga disse...

Kamy
se cada leitor da trilogia mudar sua forma de ver a natureza, eu ja terei feito o meu trabalho... ^^