sábado, 16 de fevereiro de 2013

Resenha - O Pacifista, John Boyne



No dicionario, a palavra pacifista significa: Atitude e/ou pessoas que aderem à paz, pacífico, do bem.

No maravilhoso livro de John Boyne, o pacifista foi um rapaz sonhador, que se recusou a aderir a maldade da guerra, que mesmo em meio as balas e trapaças de ambos os exércitos, se manteve firme e convicto aos valores que tinha.

Mas, apenas declarar isso não explica em nada a magnitude do livro. Poucas vezes chorei tanto lendo, poucas vezes letras me comoveram de tanta formas diferentes, me fizeram pensar e repensar a condição humana e a sua forma de encarar as circustâncias. Quando cheguei na última página, meus olhos já estavam nublados pelas lágrimas e eu havia perdido a capacidade de explicar tudo o que me encantou na obra.

Bom, vamos de começo. Sou fushoji, assumida, desde os 12 anos. Então, obviamente, eu sou uma consumidora de material BL. Assim, quando eu soube do lançamento deste livro, me desesperei. Precisava tê-lo, e fui igual louca atrás de promoções e tal. Consegui comprá-lo pelo submarino, e enchi ele de beijos quando o recebi em casa.

Porém, demorei a lê-lo, sempre querendo achar o momento perfeito. E foi no carnaval que encontrei. Afinal, dias em casa em que eu poderia ler com calma, devorar cada silaba e ir atrás de referencias para entender ainda mais a história.

E que espetáculo! Primeira Grande Guerra, com todo o seu requinte de crueldade e maldade humana.
E a história? Tristan, um jovem soldado, volta da guerra completamente amargurado e depressivo. Traz consigo um segredo envolvendo seu melhor amigo, Will, que foi morto pelos próprios companheiros por ser se recusar a pegar em armas.

A historia começa com Tristan indo de encontro a espevitada irmã de Will, afim de lhe entregar as cartas do irmão. Em fashbacks vemos o relacionamento dos dois sendo desenvolvido, inicialmente pela amizade franca e sincera, e após pela paixão avassaladora, proibida e não desejada.

Ao contrário de Tristan, que era gay assumido (pelo menos pra si), Will estava confuso e afligido com sua condição. As cenas de discussão e brigas entre eles eram... até românticas. É, eu sei que você vai pensar que fiquei louca, mas... me lembrou muito mangas japoneses que já li.

Pessoas não acostumadas a relação homoafetiva podiam se chocar com as ações de Will, mas a cena final de ambos, com o rapaz chamando o nome de Tristan deixou claro que havia sim ali muito sentimento. Eu sei que ele chamou Tristan, muito mais pelo choque do que por sentimento, mas... minha alma romantica insiste em ver outra coisa.
 
Tristan, contudo, acredito não ter conseguido captar isso. Sua vida, até, havia sido apenas de renuncia e tristeza. Expulso de casa pelo pai quando este descobriu que o filho era gay, traido pelo melhor amigo, o rapaz nada tinha de esperança até conhecer Will. Aliás, a relação dele com o pai é outro ponto comovente: sua ultima frase para o filho, antes dele embarcar para a guerra me fez derramar lágrimas:


“Seria melhor para todos nós se os alemães matassem você de cara”.


Tristan é um personagem muito triste, dolorido. Wil se tornou, sem sombra de duvidas, a alegria de sua alma, mesmo que ele também o fizesse sofrer.

O Pacifista é um livro único, uma joia especial, acho que só não consegue ser superior a Salto Mortal, no âmbito de relações homoafetivas.
Indico para sempre.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Resenha - As Boas Mulheres da China - Xinran

As Boas Mulheres da China - Xinran

A jornalista Xinran coletou inúmeros relatos sobre a vida da mulher chinesa contemporânea durante os oito anos em que comando o programa de rádio "Palavras na brisa noturna", entre 1989 e 1997. Mostra a história de mulheres onde predomina a memória da humilhação e do abandono: casamentos forçados, estupros, desilusões amorosas, miséria e preconceito.



Uma das minhas promessas de 2013 foi ler livros nacionais. Porém, parece que a literatura de fora me chama, me puxa, e não tem jeito. Foi assim com As Boas Mulheres da China. Estava no facebook, e uma amiga posta algo sobre esse livro. "Pérola desconhecida" foi como ela citou. De cara a sinopse já me chamou a atenção e fui pro submarino atrás dele. O preço me assustou um pouco (especialmente por ser um livro bem pequeno), mas no Estante Virtual eu consegui por um preço melhorzinho. E não deu outra, assim que ele chegou nas minhas mãos, o coloquei na frente dos outros livros que estou lendo e pude desfrutar a obra.

As Boas Mulheres da China devia ser lido por toda mulher do mundo. É uma leitura rápida, mas comovente, onde você percebe exatamente o papel da mulher em uma sociedade comunista. Porém, existem relatos lá que poderiam ter ocorrido na casa ao lado, ou dentro da sua propria casa, aqui no Brasil. Eu costumo dizer que todos atiram pedras nos homens muçulmanos por tentar impor a burca a suas mulheres, mas ninguém critica o pai que obriga a filha a usar cabelão comprido ou saia longa no calor, por causa da religião. O machismo é o mesmo!

A jornalista Xinran levou muito tempo para escrevê-lo, especialmente porque teve que deixar a China para poder relatar o que lá acontecia. Pais violentando filhos, traição, preconceito sexual, enfim, são tantas histórias tristes, mas todas entrelaçadas no simbolismo da sexualidade.

Chorei lendo, e olha que não é tão fácil assim me comover. Porém, como não chorar com a menina que destruiu a propria saude apenas para poder ficar no hospital e não voltar pra casa, pois na mesma era violentada pelo pai com o aval da mãe? E como não se emocionar com a mulher que esperou pelo homem que amava por 45 anos para mais tarde reencontrá-lo com mulher e filhos?

As Boas Mulheres da China demonstra claramente o quanto a mulher é sensivel e sincera com seus sentimentos. Mesmo quando enganada, ela ou perdoa, ou é franca em dizer que não pode perdoar.

A mulher, nos últimos anos, vem conquistando um papel fundamental como profissional e ser humano, mas ainda existem sociedades extremamente machistas, onde ela é apenas uma reprodutora. As Boas Mulheres da China é um grito em relação a isso e um texto que precisa ser lido por todas as mulheres do mundo, as boas mulheres do mundo.