Quando completa dezoito anos recebe um presente: o dom de ouvir os pensamentos alheios. Como se isso já não fosse o suficiente complicado, ainda descobre possuir a habilidade de se “desprender” do próprio corpo e mover-se a qualquer lugar, na velocidade da luz, apenas como energia, como espírito. Confusa com seus poderes, Luisa, tem a sorte de conhecer quatro jovens dispostos a explicar e a levá-la ao complicado mundo dos Transmutados. É quando descobre que todo Transmutado nasce predestinado a um parceiro ideal, e, quando isso acontece com Luisa, ela segue em busca de sua “alma-gêmea”, fechando os olhos e ignorando todos os perigos que esse relacionamento pode causar.
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O que a Josy achou?
Apesar
do foco do livro ser o sobrenatural poder que envolve alguns jovens, o
grande talento de Vanessa Tourinho em seu livro de estreia TRANSMUTADOS,
O DESCONHECIDO, é conseguir captar a essência de um bom romance sem
perder o ritmo acelerado de um livro de aventura.
Narrado
em primeira pessoa, conhecemos Luisa, uma jovem brasileira como muitas,
que rala para estudar e ter uma casa. Porém, com um diferencial: ela é
órfã e cresceu em um orfanato. Assim sendo, não tem muita base para se
segurar. Essa insegurança mesclada com garra acompanha a protagonista
dentro de um mundo de descobertas incríveis, como um poder telepático,
um grupo de “diferentes” modernos chamados de GoodPowers e,
especialmente, a descoberta de sua alma gêmea.
Apesar
do poder de Luisa ser-nos apresentado um tanto de repente, a autora
fundamenta tal dom em lendas egípcias e gregas. Ao longo do livro somos
expostos a elas, enquanto as pontas vão sendo preenchidas.
Ter
fundamento é um dos pontos altos do livro. Porém, para mim, o melhor é a
humanização da protagonista nas mãos de Vanessa. Luisa, ora disposta a
cruzar o oceano atrás da sua alma gêmea, mostrando-se uma guerreira corajosa, ora com medo de simplesmente
abrir o coração para a melhor amiga, consegue ser querida em vários
momentos, e insuportavelmente sem tato em outros. Por ex: na chegada a
Londres, sua acidez com a Maya – que se dispôs a viajar com ela –
atirando na outra o fato de que a companheira ainda não havia tido A
VISÃO (como eles chamam o estado que fica a mulher transmutada que
encontra sua alma gêmea), foi algo quase imperdoável. Porém, se me
deixarem chutar, diria que Luisa é do signo de Aquário, porque, como
aquariana, eu sei bem o que é não saber controlar a boca, rsrsrs.
“Olhe,
não tenho culpa por ter sofrido a Visão tão rapidamente. Não foi uma
escolha minha. Aconteceu, O.K? Não desconte em mim sua mágoa!” – Pag 69.
O
ponto negativo do livro não é bem um ponto negativo, apenas algo que
para mim, Josy, fica estranho: Quase metade da ala masculina do livro se
interessou por Luisa. Sim, eu sei... eu mesma já escrevi coisas do tipo
(como em A Insígnia de Claymor), mas, como é intrigante tal situação quando estamos do outro lado do livro, como leitores.
Então, incomoda, até porque Luisa não demonstrou em nenhum momento ser
do tipo arrebatador. Ao contrário, era quase cega aos sentimentos que
nutria pela sua alma gêmea. Aliás, achei os pretendentes maravilhosos. Adorei o bom humor de Joe e a garra de Daniel. Em contrapartida, Chris é um porre.
A protagonista esbanjou infantilidade várias vezes, recusando-se a ouvir a família, o clã, que em vários momentos só queriam protegê-la. Mesmo assim, ela conseguiu segurar o livro, dar ritmo a ele, foi essencial nos momentos oportunos. E, juro, torci demais para que ela ficasse com Daniel. Simplesmente, como ela não vê que a cumplicidade ao lado do primeiro amor é bem mais intensa que esse sentimento sem base com a dita alma gêmea?
“Doente de amor. Blá, eu sei que é brega dizer isso, mas era como eu me sentia. Droga de amor bandido!”, pag 97.
As
reviravoltas do livro são um show a parte. Quem não perdeu o ar em
descobrir sobre o elo entre Tamara e Chris? Deu para visualizar a cena
inteira! Mas, o que acontece com Mille... isso sim... isso choca.
Vanessa
Tourinho parece ser o tipo de autora que não demorará muito em levantar
em seus livros questões femininas que atazanam nossas vidas há séculos.
Então, todo amor vale a pena? Até que ponto devemos estar dispostos a
lutarmos pelo nosso parceiro ideal? E será que existe mesmo predestinados? Existe futuro numa relação não construída, surgida do acaso?