segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Insígnia de Claymor - Prólogo

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Prólogo
Final da Idade Média, Europa.

Os gritos repetiram-se durante toda à tarde e noite. Eram agonizantes, lamuriosos e demonstravam com realidade a dor que Lady Josephine sentia. O som seco e constante fez o castelo de Claymor cair em um silêncio sepulcral.

Na ante sala do castelo, uma dupla de homens sentava-se próximo a uma lareira. Nenhum dele tecia nenhum comentário sobre a dor da mulher e nenhuma emoção partia da parte masculina perante o sofrimento da Lady que gemia no quarto.

Ao lado da cadeira do Lord, uma criança de cinco anos observava a frieza dos adultos. O menino era loiro e de intensos olhos azuis. Seu aspecto era idêntico ao da mãe, Natasha, russa que veio de suas terras para se casar com Albert, o imponente homem que bebia ao seu lado.

Albert Claymor amou Natasha e amava seu herdeiro com a intensidade de um homem de sangue quente. Mas o destino quis que a bela e loira russa viesse a falecer num acidente com os cavalos. Dois anos depois ele se casou novamente, mais para satisfazer os desejos da carne do que por amor ou pelo dinheiro que o pai de Josephine lhe oferecera. Apesar da independência, Albert nunca se sentiu a vontade para procurar aliviar sua tensão sexual na vila, portanto a única coisa a fazer seria arrumar uma esposa.

Conheceu Josephine na corte francesa, e notou que poderia desejá-la. A jovem mulher tinha cabelos tão vermelhos quanto o sangue e olhos tão azuis quanto o céu ao amanhecer. E era tão pacifica quanto uma morta. Nunca se negou a nada, e quando engravidou, mal sorriu.

-Acho que ela vai morrer... – murmurou ao homem a sua frente.

-É o primeiro filho dela. O primeiro parto é sempre difícil – respondeu Adam, amigo e leal cavaleiro que servia a Albert.

Os olhos de Lord Claymor demonstraram descrença.

-Josephine é mais frágil que uma pena. Tenho certeza de que não aguentara parir um bebê. Eu a avisei de que se protegesse com as ervas para não ficar prenhe, mas ela não me ouviu. Não queria mais um filho, pois já tenho um herdeiro – falou e apontou com a cabeça o menino loiro.

Alexei Claymor, a criança, tentava compreender porque seu pai aparentava não se importar com Josephine, já que a madrasta era uma boa pessoa. Sem sucesso, apenas foi ao colo de Albert como se precisasse saber se o pai mantinha com ele o mesmo sentimento que nutria pela madrasta.

Para seu alívio, o homem de cabelos escuros sorriu ao notar o menino no seu colo. Não... ele não amava Josephine, mas idolatrava Alexei. Seu sangue e sangue de Natasha!

Um grito mais agudo encheu o ar, e então houve silêncio. Pareciam que na sala todos ficaram aliviados ao notar que não mais Josephine os incomodava com sua dor. Ninguém se levantou para ver o que tinha acontecido; portanto, o garoto estava curioso. Demorou cerca de cinco minutos até alguém se aproximar. A velha parteira do vilarejo foi caminhando em direção aos homens. Alexei assustou-se imediatamente ao vê-la coberta de sangue e então se apertou mais ao pai.

-Milady não resistiu – balbuciou a mulher.

Albert pegou um cálice com rum que estava em uma mesa ao lado e bebeu tranquilamente. Nenhuma palavra nem gesto. Quando por fim se pronunciou, perguntou:

-E a criança?

-Está viva.

O Lord não sabia se ficava aliviado ou não com a informação. Retirando o menino de suas pernas, ele se levantou.

-É um menino? – perguntou esperando uma boa notícia.

-É uma menina.

Segurando um palavrão que dançou em seus lábios, Albert olhou para o amigo Adam que erguia as sobrancelhas esperando uma ordem. A ordem não veio.

-Uma menina! Era só o que faltava! Por que Deus me enviou uma menina? Um filho mais jovem eu poderia mandar para as guerras ou entregar a Igreja, mas uma filha só me trará problemas. Terei que criá-la para depois entregá-la a qualquer homem que a vai tratar como todos os homens tratam as mulheres: como cães!

Sem entender o porquê, Alexei sentiu que não queria que a menina fosse tratada como um animal.

-Isso se o marido não bater nela. A Igreja até esta apoiando essas atitudes para que o homem mantenha o controle de sua casa – completou Adam, secamente.

Albert caminhou até uma janela e observou a noite que se tornava cada vez mais densa.

-Milord deseja que eu me desfaça da menina? – perguntou a velha, sem piedade.

Pratica comum, ele sabia. Mas era religioso. Um intelectual que estudou grego, latim (obviamente escondido dos padres e escribas) e aramaico não poderia se fazer de desentendido quando se encontrasse com o Todo Poderoso no juízo final. Além disso, temia os castigos que Deus pudesse lhe enviar se mandasse matar a menina.

-Não. Arrume uma ama de leite.

A ordem foi acatada com servidão. Agachando-se a mulher retirou-se do aposento.

Voltando para a mesa a fim de beber mais, Albert não notou que o menino Alexei deixou a sala e seguiu a velha corcunda.

Os passos o levaram até o quarto de Josephine. Assustado ele viu a madrasta atirada sobre a cama, os olhos abertos e marcas de lágrimas em sua face. Mesmo ainda inocente demais para entender a morte e a maneira como a madrasta veio a falecer, Alexei sentiu piedade. Quis se aproximar, mas lhe faltava coragem. Foi neste momento que a velha parteira notou o menino. Pela primeira vez naquele dia, ela sorriu.

-O jovem Lord Alexei quer conhecer sua irmã?

Sua irmã?

Um tanto receoso, aproximou-se da velha e observou que a mesma tinha um embrulho nas mãos. Era uma criança que chorava baixo, e mexia as mãos como se procurasse por algo.
Quando a parteira curvou-se, ele viu o pequeno ser, inteiramente vermelho e tristonho.

Completamente só e desamparado.

E, naquele momento, Alexei a amou.

E não foi um amor fraterno.

Era um amor de homem para com uma mulher.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

[Resenha] Lua escarlate – Água e vinho


Sinopse - Lua Escarlate - Água / Vinho - Catalina Terrassa

Lua Escarlate é uma série de três livros, que contam a história da Família Saint-Claire (Uma família de ex-vampiros), que foge da Grécia e se muda para a cidade de St. Helens, no estado do Oregon. Os Saint-Claire desejam um novo recomeço, mas eles sempre são perseguidos pelo seu pas-sado, que está à espreita pronto para atacá-los. Grace Saint-Claire e sua família acabam de se mudar para uma nova casa, na esperança de esquecer o passado. Ela, junto com sua família devem se adaptar a uma nova vida, ou melhor,“tratamento”, que devolveu a eles a possibilidade de envelhecer. Mas existe um problema: antes de abandonarem seu antigo lar, os Saint-Claire desobedece-ram a lei, pois eles se tornaram a água. E a água jamais deve saber da existência do vinho.

Lua Escarlate - Água / Vinho - Catalina Terrassa



Resenha:

Bom, eu sou uma pessoa preconceituosa com alguns tipos de livros. Vampiros, por exemplo. Lembro-me que assisti ao filme Crepúsculo e adorei. Lógico, não era lá O FILME DA MINHA VIDA, mas era divertido, deu pra passar a noite rindo e adorando algumas cenas. Daí fui ler o livro, e detestei. Coisa sem sal, achei. E então, por causa de algumas amigas, fui atirada no mundo das fãs da série, que idolatram a obra como se fosse a coisa mais magnifica do mundo. Desculpem, mas na adolescência eu lia livros bons, e então meu gosto é mais... aguçado. Assim sendo, eu estava na contramão da modinha atual.

Qualquer pessoa com o mínimo de bagagem cultural, imediatamente odeia livros-modinha, especialmente quando os mesmos não representam verdadeiramente a fama que possuem.

Portanto, de cara, o livro da Catalina podia não me atrair muito, afinal, é uma saga de vampiros tentando viver uma vida comum em uma cidade pacata. A protagonista Grace, uma jovem vampira apaixonada pela família, boa moça, inteligente e dinâmica, não é exatamente o estereotipo de personagens que me atraem (gosto de personagens complicados, polêmicos). Mas, após ler algumas críticas positivas da obra, decidi iniciar a leitura, e bem... valeu a pena.

A Família Sant Claire (nome esse criado em sua fuga dos demais vampiros que residiam na Grécia) é composta por Grace, Celine (a mãe), Lilly ( a esperta irmã menor, que por sua perspicaz e esperteza me lembra a idolatrada Claudia de Anne Rice) e Lucas (o irmão do meio).

Ao contrário de Crepúsculo e suas copias mal fadadas e indigestas,Lua Escarlate brilha pela forma cômica que lida com as situações. O relacionamento dos irmãos é um RELACIONAMENTO, com seus altos e baixos, recheado de birras infantis, e situações reais. Eu gosto de ver o dia a dia sendo escrito de maneira real, com situações tão comuns que podiam ocorrer a qualquer um de nós.


O ponto fraco do livro talvés seja o desenvolvimento da relação de Paul e Grace, muito súbita, Viu=Gamou! Ela, claro, tem o magnetismo dos vampiros, mas gostaria de ter visto esse amor florescer com mais calma, mais... realidade.

Enfim, eu gostei da obra e recomendo a todos que gostam de livros do gênero.