terça-feira, 24 de julho de 2012

Resenha: Micaela&Maire 1º Livro de Extras de Guardians


"A minha consciência tem milhares de vozes,
E cada voz traz-me milhares de histórias,
 E de cada história sou o vilão condenado."
William Shakespeare




Se eu tivesse que definir o livro Micaela&Maire de Luciane Rangel em apenas uma palavra, ela seria CULPA.


Sim, culpa.

“Por quê?”, você me pergunta.

Bom, acredito que foi a maturidade que me deu essa visão...

Conheço a história das guardiãs de Libra e Gêmeos desde os primórdios, enquanto ela ainda estava sendo criada. As duas personagens de Guardians, que desde o começo causaram muita polêmica, foram motivo de olhares feios para o texto de Luciane Rangel várias vezes.

Micaela e Maire são gays. Lésbicas. Sapatas. Ou dê a elas a definição que quiser. Afinal, eu já vi as duas serem chamadas por diversos nomes durante os anos. Mas, saiba que, acima de tudo, elas são dois seres humanos que se amam, que se respeitam, e que nasceram para ficarem juntas. Independente da sua visão - liberal ou preconceituosa - esse fato é imutável.

Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que li uma cena delas. Mauricio – o guardião de Touro – encantado pela ruiva Maire começa uma tentativa fracassada de flerte, quando é interrompido pela geminiana, e descobre o envolvimento romântico de ambas.
Luciane Rangel

Nos anos que se seguiram de acompanhamento de Guardians, eu li diversas vezes alguns leitores tentando fazer Luciane desistir desse casal. Fracassaram todas as tentativas. Porque o numero de haters de Mic e Maire era bem inferior as suas Lovers.

Mesmo quem podia torcer o nariz, acabava tendo que admitir que as duas personagens se amavam tanto que qualquer chance de não terminarem juntas era ridícula. 

E com tanto sucesso, eu sempre imaginei que Luciane Rangel acabaria escrevendo a história solo delas. Esse Flashback acontece em “Micaela&Maire” onde vocês podem entender como elas se conhecem, como descobrem que o destino às uniria – senão ali, anos mais tarde quando fossem chamadas para serem guardiãs – e também em como o desejo – e posteriormente o amor – surgiu arrebatador, transformando-as.

Um dos pontos fortes do livro é a construção dos personagens principais. Mic e Maire são inteiramente projetadas de uma forma que você consegue visualiza-las enquanto lê. E não poderia existir personagens mais opostos. Religião, convicções, gostos musicais e até a maneira de encarar a vida, colocam Micaela e Maire em lados opostos da existência. Contudo, algo mais forte acaba as aproximando.

Luciane Rangel tem extremo bom gosto em descrever as cenas mais ousadas (leia-se cenas de carinho). Mas, é após elas que a gente percebe os motivos de eu começar a resenha falando em culpa. A personagem Micaela admite que apesar das noites incríveis, os dias são carregados de uma sensação estranha, beirando ao constrangimento. E a loira mal consegue chamar o relacionamento delas de namoro.

Aqui sentimos o banho de realidade enfrentado pela maioria dos casais Gays. Como admitir uma relação em que – às vezes por legitima segurança precisa ser mantida em sigilo? E como evitar o ciúme corrosivo? As duvidas a cerca da própria sexualidade?

O lance familiar também é trazido à tona. Ao ler a descrição da reação da família de ambas, senti-me como se estivesse relendo as muitas reações dos familiares dos meus inúmeros amigos homossexuais:

“Eles acham que estou doente e que preciso de um psiquiatra para me curar. Minha mãe foi um pouco mais compreensiva, apesar de deixar claro que não aceita a minha conduta. Já o meu pai me proibiu de voltar para Madrid. Disse que se eu saísse de casa, não precisava mais voltar.”

“A filha que eu amava morreu para mim. Eu prefiro uma filha morta a uma filha... lésbica!”




Enfim, a obra extra de Luciane Rangel é uma joia ao público em geral. Um livro carregado de sentimento, onde a autora se doa de todass formas possíveis. 

Espero sinceramente e profundamente que ele alcance o sucesso de Guardians. Merece. Infinitamente, merece.

Josiane Veiga
Amiga e fã da Lucy! 


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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jehanie e Phill - a estranha amizade de A Insígnia de Claymor.



Jehanie, a protagonista de A Insígnia de Claymor, tem muitos defeitos. É mimada, completamente excêntrica e focada no seu próprio mundo. Ao mesmo tempo, numa época em que mulheres eram considerados objetos insignificantes, foi educada e amada com fervor pelos dois homens da sua vida: o pai e o irmão. Também foi a musa adorada do padre Adam, que a manteve sempre como uma pequena joia. 

Contudo, a personagem que tinha tudo para atrair antipatia, acaba tendo efeito oposto. Muitos pensam que era pelas tiradas geniais, pelo feminismo velado, ou simplesmente pelo lado cômico. Todavia, eu acredito que foi por Phill.

Phill foi um personagem da grandiosidade e importância de Junior (de Rendição). Não teve uma única fala em todas as páginas do livro, mas sua presença era mais intensa e poderosa que a da maioria dos personagens. 

Phill era um porco.

Sim, um porco.

A Lady Jehanie tinha como animal de estimação um simples mamífero que a maioria diria que servia apenas para alimento.

A história de Phill e Jehanie começa na infância. Por causa da credulidade do povo, um porco que nasceu aleijado começou a ser considerado maldito, com demônios. Desejoso de tirar as fábulas dos arredores de Claymor, Albert, pai de Jehanie, deixa a filha ir conhecer o animal. A amizade que nasce entre a menina e o porco é automática, mas após algum tempo, o inevitável acontece:

“Naquela manhã em especial, a manhã da Páscoa, ela acordou cedo e foi até o chiqueiro para mostrar a Phill os doces que havia ganhado do pai. Entretanto, ao se aproximar do lugar, não ouviu o habitual grunhir dele, e sim vozes de pessoas. Eram os servos de seu pai!
Quieta, ela se aproximou sem ser notada, e então viu, entre lágrimas, o corpo inerte do porco Phill, deitado sobre uma mesa de madeira, morto.
Eles haviam matado seu melhor amigo! E se divertiam arrancando-lhe as tripas!
Berrando como uma Lady jamais poderia, a menina atirou-se sobre o corpo do animal e chorou escandalosamente. As pessoas a encaravam sem saber como reagir, já que a criança que atrapalhava o momento de limpeza do corpo do bicho era a filha do senhor das terras.”

Contudo, assim que vê a irmã em desespero, Alexei decide salvar a todos os demais porcos de Claymor. Em pouco tempo, os animais se tornam de estimação e a carne de porco é banida das mesas do feudo.

Mais para frente, assim que Jehanie se perde da família, ela salva da morte outro porco, a quem chama de Phill para homenagear o antigo amigo morto pela gula.

O carinho que surge é tocante. E é ali que a maioria dos leitores vê o quanto a superficialidade anda longe da senhora de Claymor. Jehanie é verdadeiramente defeituosa, mas também vê a beleza no que o resto da humanidade não enxerga.



A Insígnia de Claymor têm muitas histórias de amor, amizade e também de ódio. Relacionamentos são formados e destruídos durante o relato da excêntrica família. Mas, de todas as histórias contadas, uma das que mais gosto é realmente de Jehanie e Phill. 

O amor de uma pessoa para um animal é um dos mais honestos e verdadeiros. Tenho orgulho dessa amizade ter sido narrada nas páginas brancas do livro.

E obrigada a todos que gostaram, igualmente. Abaixo um dos desenhos de uma leitora (Vivian) homenageando Phill.

Que viva para sempre, e longe das panelas, nosso amado porquinho.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Lua Escarlate - Livros 2 e 3 de Maria Catalina Terrassa



Dizem que há males que vem pra bem. Num dos problemas que enfrentei no mundo literário, em relação a criticas de outros autores, eu conheci a Catalina Terrassa, uma autora que veio, naquela oportunidade, a me defender.

A Cat (como a chamo), durante nossas conversas, me apresentou suas obras. Uma trilogia baseada em uma família de vampiros, que na luta e busca de viver normalmente, acaba se mudando para uma pacata cidade.





De cara, assim que ela me falou do enredo, pensei: Crepúsculo. Mas, assim que recebi o primeiro livro, que resenhei AQUI, já senti que o estilo da Cat é único e especial.

Mais do que seus enredos criativos, sarcásticos (é, Cat tira sarro de Crepúsculo, o que pode trazer raiva de alguns fãs da série) e originais, o texto da Catalina flui, anda... a história se torna divertida, e você acaba lendo rápido, pulando páginas sem nem perceber, entusiasmado pelo domínio da autora pela obra. Enfim, eu gosto de como ela escreve. Gosto. Talvez mais, adoro. Acho que só isso basta para eu sentir interesse em continuar a ler suas obras. 


Lua escarlate, no primeiro livro, apresenta a família, mas a sua continuação, Amargo Doce, traz mais do que a história em si; estampa, em sua graciosidade, o amadurecimento da autora. Narrado em primeira pessoa, seu foco é contar a história de uma vampira, e seu tratamento para se tornar humana. Nesse ínterim ocorre uma historia de amor, a qual Grace se vê envolvida com um rapaz chamado Paul.

Grace, a vampira protagonista, no livro 1, acaba sendo completamente irritante de tão perfeita. No livro 2 a gente a percebe mais... humana (não que ela seja humana... mas falo de sentimentos, erros, humanidade, até piadas ela faz). A sua árdua batalha em se tornar “gente” a deixa simpática.

O livro contém uma rede de intrigas e uma historia bem manejada. É um romance, mas também um livro de aventura. A surpresa fica por conta de Paul, mas logicamente não vou entregar isso... quem quiser saber, terá que ler ^.^

Assim como na primeira obra, Lilly é a personagem que rouba a cena. A pequena vampira dá mais um show. Enfrenta os grandes na cara e coragem,  e suas frases carregadas de sabedoria dão sempre um espetáculo. Lilly é irônica, usa sarcasmo como um dom, adoro personagens assim.
O final de Amargo Doce parece incompleto, mas é porque a autora dá a deixa para entrar na história de Perda/Esperança.


O terceiro livro da Catalina se foca nas cenas de luta, e nas explicações de alguns mistérios ocasionais que ocorreram nos livros. O vilão foi bem criado, gosto de personagens como o tal.
O que faltou nos dois primeiros livros, sobrou no ultimo, que foi a adrenalina.
Vampiros, lobisomens, etc... não são algo que eu curta, mas os textos de Catalina merecem ser lidos. Se você gosta – ou não – aproveita e adquira suas obras. Vale muito a pena prestigiar esse talento nacional.