Nesse ano de 2018, minha sessão da Bienal de SP foi na Editora
Hope, o que se tornou muito legal porque pude conhecer várias pessoas que só conhecia de nome, e adquirir alguns livros que me chamaram a atenção.
Enquanto aguardava meu horário, andando pelo stand, fui
mexer em algumas obras que estavam sendo arrumadas (era o primeiro dia da
Bienal), e eis que o Tom Adams grita num canto: Olha essa capa! Olha essa diagramação!
Na minha vida inteira, eu nunca comprei um livro pela capa.
Romances Fantásticos foi a exceção. A capa era deslumbrante demais e, ao abrir,
me deparei com uma diagramação tão bem trabalhada que não deu pra evitar a
vontade de ter esse livro na minha estante.
Demorei a ler porque como qualquer autor nacional, eu tenho
metas de texto a serem batidas. Dessa forma, desde a Bienal não parei de
trabalhar em cima de livros. Mas, agora que encerrei o último do ano (lança
terça, não percam!) pude pegar o livro que estava desde agosto em cima da minha
mesinha de trabalho.
Gente... gente...
Primeiramente quero chover no molhado e dizer que Deniz
Ibanez e Alessandra Morales sabem como escolher contos. Sabem como organizar
uma antologia. O tempo todo eu fiquei esperando mais do mesmo, mas a cada
narrativa era uma surpresa atrás da outra. Outra coisa que me surpreendeu foi a
idade da maioria dos autores. Jovens mas com nítida bagagem literária. Fiquei
muito feliz em perceber traços clássicos em alguns contos.
Começa por Henrique de Micco, que traz uma mensagem de sacrifício
e amor tão intensa. O quão vale a pena você lutar por quem ama?
Ariel Gomes, que escreveu o segundo, me deixou em estado de
graça. Eu não tenho palavras, em nada esperava aquele desfecho. Sou escritora
de Yaoi, tenho minhas raízes nesse ramo, mas não esperava um conto que
conseguisse transbordar tanto sentimento. O final me fez chorar. E fazia muito
tempo que eu não me emocionava com uma história.
Alex Oliveira trouxe uma visão sobre o luto em uma criança
de 11 anos. Gostei da narrativa, achei muito bem construída, apesar de
extremamente longa para uma antologia. Acho que com um pouco mais de esforço,
cairia melhor como livro em separado. Mesmo assim, trouxe elementos novos e bem
abrasileirados para a narrativa.
João Paulo Effting também tem uma história em que o elemento
de lendas nacionais é forte. Mas, o pecado ocorre da mesma forma que o texto de
Alex. É material para livro, não para conto. Muitas pontas que poderiam ser
trabalhadas com calma e detalhes, foram jogadas de forma rápida para que o
conto pudesse se finalizar logo. Eu realmente indico o autor a reescrevê-lo e
transformá-lo num romance. Tem elementos para se tornar um livro de sucesso.
O primeiro nome feminino a despontar no livro é Helena
Girdard. Claro, imediatamente já me identifiquei. Literatura feminina tem
dessas coisas, dessas sensibilidades que só mulher consegue transferir pra
mulher.
Essa mesma sensação tive com Raquel Bueno. Seu conto é de
uma simplicidade extrema, mas consegue capturar a atenção por ser
essencialmente feminino.
Alessandra Morales vem com uma história fantástica de uma
princesa guerreira em um mundo dominado por seres como bruxas, magos e demônios.
Renata Brito foge do estereotipo mundano e traz uma história
cheia de magia e espiritualidade. Particularmente eu amo canela, e me envolvi
muito com a forma natural de Julia, a protagonista, pensar.
Rita Flores é uma autora que admiro muito, e fiquei feliz em
poder conhecer seu trabalho escrito. Eu nem preciso dizer que o conto dela foi,
pra mim, o mais incrível de toda a antologia. É claro que é triste e chega a
ser aterrorizante, mas acredito que a nuance humana na literatura não se
permite apenas a beleza nas palavras. Se nós humanos somos falhos, tristes e
depressivos – às vezes – por que não transportar isso para os textos? E,
também, audaciosamente, foi uma maneira tocante de ver a morte. Eu fiquei
apaixonada pelo seu texto e com certeza é uma autora que eu quero conhecer mais
e mais.
Beatriz Cavalcante se mostra uma das promessas da nova
literatura nacional. Tem uma estrutura de texto impecável e consegue
transparecer os sentimentos dos personagens. Gostei muito do conto dela.
Deniz Ibanez provavelmente é o nome mais conhecido da antologia.
E não falhou na sua missão em escolher os contos e também participar dela. E
vamos admitir, a cena do protagonista conversando com os músicos é MEMORAVEL.
Margareth Brusarosco encerra a obra com uma narrativa de
anjos movidos por ciúme, amor e paixão.
Enfim, é um prato cheio de boa literatura. Recomendo demais.
Vocês podem encontrar o ebook na Amazon e o livro no site da Editora Hope. Vale o investimento.
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