quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Resenha - A Escrava e a Fera

Olá amores,
Venho dessa vez com resenha

Lançamento da Portal Editora para o dia 01/03 - http://amzn.to/2ssEnQt , mas como autora da editora, tive o prazer de receber o livro antes.
Nem lançado foi e já recebeu acusações de racismo (quem acusou deve estar tomando cachaça no lugar de água pois além do revisor e de uma pequena parcela da editora, até então ninguém leu, né bofes? Para se acusar de alguma coisa, vamos ler antes e saber do que se trata? Obrigada, de nada.)
E o livro?
A história se passa em 1824 e começa com a agoniante vinda de Amali para o Brasil. Tirada de sua família, jogada num porão fedido de um navio mercantil, ela é trazida como escrava.
De cara, a narrativa deixa claro o quanto Amali é forte e busca pela sua liberdade. O quanto sua escravidão trouxe-lhe dor e agonia. Você sente isso com bastante força, numa narrativa pesada em terceira pessoa.

"– Quero voltar para minha terra. – Amali mostrou os dentes como um animal feroz.
– Não existe mais sua terra, garota. Apenas as terras do seu senhor.
– Eu não sirvo ao rei dessa terra."


Eu sinceramente senti todo o pulso feminino ali. É uma mulher linda, forte, aguerrida, nada submissa, passando por um dos piores momentos da humanidade. Em contrapartida, o senhor com o qual ela foi levada a servir também tem seus pesadelos, suas marcas.
Fernando e Amali fazem um contraponto. Ela está presa por correntes, ele pela própria consciência. Ambos são escravos, de diversas maneiras, mas com a mesma dor.
E ele me surpreende muito. Frio em alguns momentos, bons em outros. Mas, acima de qualquer coisa, um homem digno. A cena em que ele evita que ela seja abusada é de cortar o coração:

"– Bastardo maldito! Como ousa? – Fernando bufava e rosnava como um touro. Nunca antes ele se aproximara tanto de uma verdadeira fera como naquele instante.
– É só uma negra, patrão. Com sorte, vosmicê ganhava mais um escravo. – A fala debochada fez a ira nos olhos azuis do patrão brilhar ainda mais.
– Seu desgraçado! – Fernando partiu com tudo para cima do velho hipócrita, ainda caído no chão."


É um amor que nasce das cinzas do que sobrou dessas duas pobres almas. Francamente, você sofre por eles. Você sente a dor deles. Você tem pena. Você torce pela redenção.
Existe na narrativa de Jessica Macedo uma ideia que lembra muito os ideais da revolução francesa. Existe uma busca incessante por mais que liberdade. Os personagens querem mais que se livrarem das correntes fisicas ou mentais que os prendem.

É um livro sobre fraternidade. Sobre amor. É um livro que narra um dos momentos mais tristes da história do nosso país. Mas, não peca no principal. É uma obra sobre Esperança.

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