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Imagem pertence a http://carlosnojapao.blogspot.com.br/ |
Um dos muitos temas polêmicos da Saga Jishu é o
preconceito contra imigrantes no Japão. Talvez, um pouco ácida, mas com muito
cuidado, eu induzi diversas cenas em que a estrangeira Audrey Morgan recebe
indiretas e ironias por sua nacionalidade.
Audrey é americana. Foi educada em japonês por uma
freira, e fala a língua nipônica com fluência. Ela também é bastante inteirada
com a tradição do país, e tenta não entrar em conflito com algumas regras. Mas,
suas tentativas de se “enturmar” com alguns personagens se tornam fracassadas
simplesmente por ela não ter olhos puxados.
A primeira cena em que é menosprezada por ser
estrangeira acontece no livro Rendição. Ao conhecer Shun Ninomura, a mulher
recebe um tratamento frio. Ele diz, num murmuro, o “gaijin” que tanto o incomoda.
Em Redenção e Remissão, Sayuri usa o fato para atacá-la.
Yuuky Sakamoto não fica atrás. Mas, com certeza é com o porteiro Yatsu Kanako
que finalmente a indução de desprezo fica claro. No trecho em que ele lhe admira
as formas, pensa e crê que ela facilmente lhe concederia favores especiais e
sexuais simplesmente por não ser japonesa.
“Kanako
sempre a observava, demorando seus olhos sobre aquele corpo de deusa. Tinha uma
namorada, mas a garota em questão era um nada perto do corpo escultural de
Morgan... E, além disso, o rapaz mantinha uma esperança acessa: bem sabia que
as estrangeiras não tinham vergonha e eram imorais. Tinha certeza que, caso
tentasse, levaria a mulher facilmente para a cama.”
Existe uma ilusão entre brasileiros fãs
de anime ou de bandas japonesas de que a vida no Japão é cor-de-rosa, linda e
perfeita. Todavia, assim como no Brasil, a vida no Japão é feita de momentos
maravilhosos e ruins. E no Japão, assim como no Brasil, nem todas as leis
funcionam ou existem. A lei contra a xenofobia no Japão não existe, por
exemplo. E disso até a própria ONU já reclamou.
Relatos sobre preconceito contra
estrangeiros pipocam na internet, como AQUI.
De fato, muitas amigas japonesas que tenho são incrivelmente maravilhosas, e
muitas outras amigas que foram passear por lá trouxeram relatos lindos de amor
e respeito. Porém, ser escritor é provocar, é causar dor, dar raiva. Ora,
sempre digo isso: Para que merda eu seria autora se fosse para escrever a mesma
droga de todo mundo? Não, eu quero mesmo é mexer nos brios, causar exaltação,
talvez até polêmica. Então, nada mais justo que falar de coisas que incomodam,
e a xenofobia é uma delas.
Se você gosta de histórias melosas e cheias de açúcar,
fuja dos meus textos.
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