quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Resenha: Para Sempre Ana - Sergio Carmach

Sinopse - Para Sempre Ana - Sergio Carmach

Na mística Três Luzes, o leitor percorre inicialmente três momentos afastados no tempo, onde três homens, de três gerações da família Rigotti, experimentam situações-limite pela influência de uma mesma mulher: Ana. A partir daí, a narrativa o leva a uma instigante viagem, nem sempre linear, entre meados do século XX e o início do XXI, na qual os dramas, o passado, o verdadeiro caráter e os segredos de cada personagem são pouco a pouco desnudados. A trama é conduzida pela busca de Ana e pela busca por Ana, forasteira misteriosa que abala os triluzianos e cuja trajetória se funde à dos demais em uma história carregada de luzes e sombras. A busca de Ana arrebata as emoções; a busca por Ana arrebata os sentidos. E ambas surpreendem. Sempre que tudo parece esclarecido, detalhes antes considerados sem importância provocam uma reviravolta geral na história. Até o último capítulo. Descubra se os mais atordoantes segredos de Três Luzes estão mesmo nos céus ou no fundo da alma de seus moradores.




Já dizia Carlos Drummond de Andrade “Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer.”
Acredito que essa frase define exatamente o que senti lendo esse livro. 


Sérgio, o autor, entrou em contato comigo através do Skoob, convidando-me a participar de um projeto: Círculo de autores leitores.  Admito, assim que seu nome apareceu no meu Skoob, digitei o título do seu livro do Google procurando resenhas, e fui tentar definir se eu tinha, ou não, interesse em ler.


A primeira vista, Sérgio me lembrava dum autor apaixonante da minha adolescência, Érico Veríssimo. O que havia em comum? A forma de narrar histórias de cidades do interior, de uma maneira humana e sensível. 


Bom, sabendo o que as resenhas diziam, eu precisava ler realmente a obra, não?


O que aprendi? Nunca julgue um livro pela capa, e um autor por uma sinopse. Sérgio não era nem igual, nem parecido com Érico. Todavia, tinha algo que talvez o aproximasse do meu querido autor de Cruz Alta: a genialidade de contar uma história boa, sem máscaras ou eufemismos.


E é isso que Para sempre Ana é: uma boa história.


Para sempre Ana se passa num vilarejo pacato e sem grandes atrativos, Três Luzes, na qual vemos, num primeiro momento, duas classes distintas de pessoas compartilhando uma festa promovida pelo médico local: Um padre e um delegado antagônicos no quesito religiosidade, um casal de médicos que vive uma vida de aparências, uma velha professora que acredita viver no paraíso e um artista frustrado, impedido de viver sua arte.  Todos ali possuem seus segredos que o autor sabiamente vai desvendando conforme as páginas vão sendo viradas.


Todavia, à primeira vista, tudo normal.


Dentro desse ínterim é que Ana, a mulher que dá título ao livro, surge majestosa e roubando a cena. De cara, já notamos a importância que ela terá dentro do enredo da vida da família Rigotti. Amante, musa, mãe. Simplesmente Ana.


O personagem que mais se interliga com Ana é Carlos, com quem ela vive um grande amor. Este último, antes, tem um namoro com a futura professora local, e é apaixonado por ela, Cris. Entretanto, Ana surge (com um filho nos braços, Caio), exigindo que Carlos assuma a paternidade da criança em frente de toda a comunidade (e, assim sendo, em frente de Cris, a paixão do nosso “herói”).


Conforme a obra vai sendo desenvolvida, vamos notando que Ana mantém em suas mãos segredos que sequer posso mencionar, já que não é minha intenção estragar a surpresa do livro. Mesmo assim, é gritante o domínio que Sergio possui de toda a obra. Ele SABE realmente o que está se passando, não apenas com a mente, mas também com o sentimento de cada um dos seus personagens, que de tão comuns, são extremamente humanos. 


Ana, especialmente, me fascinou, intrigou, me fez torcer desesperadamente por um bom final para ela. Talvez porque eu visualizei-a o tempo todo como uma vítima da vida. Faltou, claramente, uma base sólida familiar para aquela menina não cair nas “armadilhas” da lábia do mundo. Ela foi má durante boa parte de sua existência? Sim, foi. Mas, foi boa também. Ou seja, ela foi humana, com todas as nuances que a humanidade exige.

E Cris, a suposta vilã? Admito que achei um pouco forçada essa tentativa de dar nuances de extrema maldade a moça, principalmente se considerarmos que ela foi, sim, a vítima. E nesse vítima, leia-se tudo. Cris representa muito mais o estereotipo da mulher brasileira, que não quer deixar-se enganar. Sinceramente, que idiota acreditaria em Carlos depois de tantas "provas"? Gostei da personagem, mas acho que seu final deveria ter sido mais... digno. 
Terminando o ciclo das personagens femininas (não vou citar as demais, mas cada uma teve um destaque merecido na obra), cito Claudia como a unica que me causou antipatia nata. Primeiro as perseguições a Ana, e depois o julgamento dos sentimentos da irmã. Enfim, não gostei dela COMO PERSONAGEM... mas claro, na história, Sérgio deu um show.
O final da obra deixa a cada um o direito de dedução...


É muito difícil resenhar esse livro sem deixar claro seus segredos. E o livro de Sérgio tem muitos. Alguns me surpreenderam, outros nem tanto. Mas, em suma é: QUE OBRA MAGNIFICA. Dá orgulho saber que algo tão bem feito vem de um autor nacional. 

Eu indico MESMO. É um verdadeiro clássico da nossa literatura.



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Josiane Veiga

4 comentários:

Cynthia França disse...

Puxa, essa resenha aguçou muito a minha curiosidade. Já tinha a intenção de ler o livro, agora não vejo a hora. Algo me dizia que ele seria exatamente o que você descreveu... Obrigada por compartilhar!

Josiane veiga disse...

Cyntia, simmm.. prepare o coração^^

Unknown disse...

Dessa vez quem está lendo Para Sempre Ana sou eu...hummmmmm...o que será que vou encontrar nestas linhas??
:)
Obrigada pela resenha, vou "devorar" o livro com mais "fome" agora, rsrs.
Beijos

Josiane veiga disse...

Gi, obrigada por comentar^^